segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Diabo no inferno e o pagodão baiano na Terra

Como diz o velho e conhecido ditado: “Não a nada tão ruim que não possa ser piorado”, é nisto que eu penso toda vez que vejo um novo single no pagode baiano. É preciso contextualizar os leitores, pois podem entender pagode como um grupo de pessoas com óculos na cabeça, cantando sobre desilusões amorosas ou festas na Cohab. Isso também é pagode, só que em Salvador as coisas são diferentes (e, mesmo difícil de acreditar, pra pior). O pagodão baiano é quase igual à era É o Tchan, só que sem dançarinas (na certa um teste de QI foi aplicado e nenhuma delas passou, ainda bem que não fizeram isso com a Carla Perez).

Podemos caracterizá-lo pela “quebradeira”, um ritmo mais frenético e dançante que incita coreografias obscenas, porém, isso não é que me fez deixar o meu pudor regional de lado e escrever este post, o que mais me desagrada nessa escoria musical são as malditas letras, e elas são o principal alvo da nossa máquina perdida. E eu que reclamava do Tchan no Hawai de barriga cheia. (lembrem-se “Não a nada tão ruim que não possa ser piorado”)

A tal graça das letras do pagodão (qual graça?) estão no universo do duplo sentido. É como a velha frase: “Aqui faz tanto calor que tanto sua braço, como sua bunda” (ainda não tem nenhum pagodão com essa, vou patentiar ^^). Mas as “poesias” saíram do quadro real de normalidade esperada por um ser normal (esse é meu erro, esperar que isso seja feito por um ser normal). A barra está sendo tão forçada que os pagodeiros já minaram coisas como:

Uma mulher que não consegue parar de fumar Desce com a mão no tabaco

Uma mulher que cura a ressaca com um banho na bica Relaxa na bica

Uma mulher pegando na mão do rapaz Pegue na minha e balance

O Lobo mau atrás da Chapeuzinho Vermelho Vou te comer, vou te comer (podia ser também a trilha do Majin Boo)

Quanta criatividade, eu me senti agora em uma aula de publicidade. Lembra do ditado que começou este texto, pois então, quando eles entenderam que a graça (qual graça?) dos duplos sentido tinha acabado, veio o pior, as músicas sem qualquer sentido:

Rala a tcheca no chão Rala a xana no asfalto Rala o parreco (pra que tanto ralador!?)

Obs: pasmem, todas as três músicas acima são da mesma banda.

Alguns vão me chamar de preconceituoso por tecer comentários tão maldosos aos pagodeiros e afins, mas não é o caso, eu respeito os ritmos que são feitos às pessoas de menor intelecto (sem pose de superior), pois todos nós temos o direito de ter acesso a entretenimento, e música é um deles. Posso citar o exemplo do punk rock, que veio para acabar com a “chatisse” do rock progressivo e ficou anos marginalizado (e eu sou fã de punk rock, música, inicialmente, considerada para pessoas de baixo intelecto). Vou ser apedrejado por essa ressalva, mas para se tocar pagode é preciso uma competência musical maior do que se era utilizado para tocar punk, porém o lema punk era esse (Do Yourself ou Faça você mesmo) e incentivou uma galera que pouco sabia de música, empunhar um instrumento e passar uma mensagem significativa e não ensinar a ralar, descer, esfregar, roçar, etc...

A parte de incentivar a violência ( Desço a madeira Não vá que é barril ) é algo que eu prefiro não comentar, porque já entra em uma esfera que os pagodeiros esquecem seu lado racional e preferem mostrar até onde não estão preocupado para a mensagem passada.

Sabe o que é pior?! Que o carnaval baiano de 2010 vem aí e toda essa balburdia será transformada na maior festa popular do mundo. Lembra do que eu disse no “Não a nada tão ruim que não possa ser piorado” e a tendência é piorar, piorar, piorar...