terça-feira, 12 de março de 2013

O País da bunda chiando por um peitinho



O que já não é novidade pra ninguém, volta a ser noticiado como surpresa: Atletas dinamarquesas fizeram topless nas praias do Rio de Janeiro. Há duas informações que a dita intelectualidade eurocêntrica (nesse caso, “euro-nórdica”) não consegue assimilar. Que o Brasil não fala espanhol e que aqui é proibido pagar peitinho na praia.

A primeira tem uma explicação super simples; a ignorância. Já a segunda é extremamente contraditória na mente dos pós-graduados em colonização e de alguns – muitos – brasileiros. O país que por muitos anos foi vendido como o berço da sacanagem, explorando a imagem e a curva das nossas mulheres, além de fazer com que o pão de açúcar divide-se holofotes, principalmente em volume, com a lombada traseira das mulatas que estampavam os folderes da EMBRATUR, abomina completamente a ideia de um peitinho de fora nas areias brasileiras.

Ora, como um estrangeiro vai entender que ele não pode fazer topless, mas no carnaval é extremamente normal ver mulheres e homens com 95% do corpo totalmente desnudoA hipocrisia assume escalas escalafobéticas quando veículos de imprensa dão espaço a matérias sobre o descuido das dinamarquesas, mesmo sabendo que tudo isso passa de um equívoco. Além de fomentar o sensacionalismo babaca, eles perpetuam uma ideia falsa e contraditória de moral.

O país da bunda se ofende ao ver peitos? Boa parte dessa aura eternamente carnavalesca povoada na mente estrangeira foi produzida pelo próprio Brasil. Se queremos correr atrás do lucro, apontar o dedo a uma prática “inocente” não é a melhor maneira. Se a bunda brasileira já não quer ser mais o alvo dos turistas, que deixemos os peitos dinamarqueses em paz. Por que não virar o país do cérebro? Me parece uma escolha muito mais agradável.