sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Lista das 15 melhores músicas nacionais de 2012

O hiato permanente do Lost Machine... permanece. No entanto, não poderia terminar o ano sem a gloriosa e controversa lista dos melhores de 2012. Vamos parar de balela e apresentar o que realmente interessa. Caso algum fã, sem noção, queira me xingar, fique à vontade, mas saiba que aqui é osso duro de roer, pega um, pega geral, também vai pegar você (lá ele):
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15° Anderson Shon & The Desert Concert - The Lighthouse

A psicodélia, a era de aquarius, as viagens interplanetárias, todas essas sensações podem ser percebidas em The Lighthouse. Ambientada em algum caos apocalíptico, a música se mostra triste, porém viva, lhe deixando absorto em algum lugar que você jamais gostaria de conhecer. As guitarras atribuem um peso quase que estérico, enquanto a voz dá indícios de não querer cantar. O final é o ápice, as guitarras, o piano, a melancolia entram em total harmonia, indicando que a viagem já está chegando ao fim. Apertem os cintos!

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14° Do Amor - Shop Chop


Direto como um soco no estômago, Shop Chop é despretensioso, mas não amador, é rápido, mas satisfatória, é rock, mas... se é rock, já tá bom demais. Seus 0:58 segundos de vida, mostram que uma das melhores cozinhas da música brasileira (o Do Amor) está aprendendo a investir na qualidade para a própria promoção. Pra quem nasceu de 7 meses Shop Chop é ideal, mas quem veio ao mundo no tempo certo, pode experimentar também. SHOP, CHOP, SHOP, CHOP!

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13° Tentrio - Satânia


A virtuose aprendeu que não é preciso solos de guitarras com quarenta mil notas, para indicar bons músicos. Em Satânia, nós percebemos a qualidade coletiva e individual dos músicos da Tentrio. Satânia é densa, insistente, intrigante, como se passasse uma persistente mensagem que nós, reles mortais, demoramos a entender. No final, ela parece desistir do nosso entendimento e caminhar por si só. Os riff's de guitarra são perfeitos e se encontram, de forma magnânima, com as linhas de bateria. O instrumental continua mostrando o seu potencial.

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12° Emicida - Dedo na Ferida


Foda-se vocês, foda-se suas leis! O Rapper Emicida colocou o dedo na ferida de tanta gente, que acabou passando um tempo na universidade de bandidos. A música já entrou na história como mais uma representante artística, que incomodou significativamente as patentes hierárquicas nacionais. Dedo na Ferida ainda serve pra firmar essa nova era do hip hop brasileiro e a importância de mentes como o Emicida para a proliferação desse estilo. Foda-se vocês, foda-se suas leis!

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11° Fresno - Infinito

O Fresno aprendeu a ser pop, não pop no sentido pejorativo, pois isso eles eram antes. Dialogaram com o new metal e agora estão exatamente entre o emo do início da carreira e a influência vampírica do Muse. Em Infinito, as guitarras continuam com uma boa sintonia e a bateria não se limita a contar o tempo para os instrumentos. A letra é doce, mas ganhou uma mascara poética, muito além da choradeira característica. Infinito coloca o Fresno num patamar pop de qualidade e indica que, graças a Deus, aquela geração emo já passou. Vida longa!

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10° Tom Zé - Tropicália Lixo Lógico


Tom Zé é um gênio, isso é um fato, podemos esperar qualquer coisa dele e depois de voltas e mais voltas na nossa mente, essa tal coisa fará sentido. Desenterrar a Tropicália foi algo que me pareceu estranho e desnecessário, mas se alguém pode fazer isso bem, esse alguém é Tom Zé. Tropicália Lixo Lógico reúne temas que nunca haviam dialogado. Mistura violinos dissonantes, guitarras pesadas e um violão que transita por toda a música. A letra retrata a genialidade de uma mente em constante produção. Tropicália Lixo Lógico ainda dá um tapa no cenário da música atual, deixando a dúvida sobre o que fazer com tanto lixo. Salve Tom Zé!

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9° Supercordas - Índico de Estrelas


Finalmente a magia dos elefantes chegou aos nossos ouvidos. A nova "ruradélica" (expressão criada pela banda) do Supercordas tem como carro principal Índico de Estrelas. A música serve tanto para um jantar romântico, como para uma tarde, deitado na grama, tragando longas viagens. A letra é propositalmente boba, o que faz dela perfeitamente bela. Os backing vocals dão tanta vida à música, que poderiam estar presente nela toda. Ainda não entendo como o Supercordas não tem uma representação mais ativa no cenário underground nacional, talvez a magia dos elefantes seja exatamente essa. Enquanto isso, vamos nadando neste Índico de Estrelas.

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8° BNegão - Alteração (ÉA)

BNegão é a parte do Planet Hemp, que se mostra ainda capaz de fazer música com bons ideais. O hiato dos Seletores de Frequência, deixou claro que eles só estavam pegando impulso, para se jogar ainda mais longe. Alteração (ÉA) abre o cd, indicando que as rimas de BNegão estão ainda melhores e que o mix do funk com o rock conseguiram uma sintonia mais congruente, ficando impossível identificar onde começa o James Brown e termina o Rage Against The Machine. Talvez, tudo isso seja a tal mensagem na garrafa.

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7° Cascadura - Dava Pra Ver

A beleza vista pela janela de algum prédio, no alto da cidade de Salvador. Assim, pode ser definida a sensação ao fechar os olhos e escutar a doce Dava Pra Ver. A linha de guitarra é suave, mas a música ganha força mesmo, quando a bateria serve de background para a melodia vocal, alternada pelo emocionante dueto protagonizado por Fábio Cascadura e Ronei Jorge. Dava Pra Ver leva qualquer marmanjo às lagrimas e qualquer mocinha ao extâse em amor. O Cascadura conseguiu extrair do caos, o belo. Parabéns!

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6° Ed Motta - Nicole Versus Cheng

Antes de não caber no sofá do The Voice e discutir, via Twitter, com o Carlinhos Brown, Ed Motta havia lançado um belíssimo albúm. Dele podemos tirar a simplicidade icônica de Nicole Versus Cheng. Uma música que fala com o silêncio, não é só uma música, é uma obra de arte, por isso, Nicole Versus Cheng está aqui. Um swing manhoso, instrumentos  que só aparecem na hora exata, não deixando nada sobrando, nem faltando. O clima de perseguição rodeia toda a música, deixando uma interrogação sobre qual foi o destino de Nicole. Tim Maia tem um bom motivo para estar contente.

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5° Vivendo do Ócio - Nostalgia

Só a arte tem o poder de fazer você se emocionar com algo que, necessariamente, não lhe agrada. Nostalgia poderia cometer o erro de só fazer sentido para os cidadãos baianos, mas não o cometeu. Existe uma emoção forte, de volta ao lar, dentro de todos os humanos e foi exatamente nela que a Vivendo do Ócio atacou. Nostalgia clama pela volta do filho primogênito, do pai que foi a guerra, do avô que saiu da cama de hospital ou da banda de rock que foi valorar ainda mais a cultura nordestina. O rock brasileiro ganhou a afirmação de um representante de peso. Vivendo do Ócio, perpetue seu nome na história da música, mas nunca deixem de sentir falta da Bahia, pelo visto, faz bem pra vocês e pra música nacional, também.

>>> Clique aqui e escute Nostalgia da Vivendo do Ócio <<<

4° Silva - 12 de Maio

O trip hop nacional ganha o seu primeiro grande representante. Silva é melancólico,  mas sem tirar o sorriso do rosto, o que eu não sei se é bom, ou se é ruim. 12 de Maio pode ser ambientada em uma praça povoada por colombinas e arlequins,  mas com a visão fixa em um ser que olha toda essa alegria, amargurando alguma angústia interior. Os instrumentos são milimetricamente colocados em suas posições, principalmente o solo de trompete, que dá à música o ápice e a o start à genialidade. Silva está no caminho certo e 12 de Maio indica exatamente isso. Uhuu!!! Uhuu!!!

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3° Caetano Veloso - Estou Triste


"Estou triste, tão triste, estou muito triste". A melancolia de Caetano está em todas as notas, todos os tons, todas as frases dessa música. O violão soa com má vontade, as frases são balbuciadas com intensa depressão e a poesia da música indica um fim, que não se remete à morte, mas à vida. A música cresce com a ajuda clamorosa do músicos sugados pelo Caetano, mas volta a se fixar em uma melancolia, pra deixar que claro que Caetano está triste, tão triste, muito triste. O lugar mais frio do Rio é o quarto do Caetano e qualquer outro lugar onde a belíssima Estou Triste estiver tocando. Obs: Durma em paz Dona Canô.

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2° Macaco Bong - Otro

O fantasma do segundo álbum passou bem longe dos rapazes da Macaco Bong. Conseguindo superar o Artista Igual a Pedreiro, This Is Rolê traz como carro chefe um nocaute em forma de música; Otro. Com guitarras pesadas, baixo reto e bateria desordenadamente organizada, Otro deixa boquiaberto qualquer pessoa que pensa compreender o que é música instrumental. Como cereja do bolo, ainda há um contratempo, que deixa todos os air bateristas de braços cruzados. A música instrumental deve muito à esse trio. Grande Macaco Bong, continuem assim!!!

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1° Lucas Santtana - O Deus Que Devasta, Mas Também Cura

A incrível poesia do Lucas Santtana, ao descrever uma enchente e suas consequências, está no primeiro lugar das melhores de 2012. O Deus Que Devasta, Mas Também Cura é triste na medida certa, pois relata a dura realidade de várias famílias brasileiras, que dependem apenas de Deus, para não terem suas casas à deriva. Lucas Santtana escolhe um timbre, que coloca a música quase como um conto; alguém sentado à beira da praia, vendo a destruição à distância. A flauta final, ajuda a dar encanto à repetição, quase que implorada, para que o astro rei proteja nossas crianças. Lucas Santtana fez boas experiências em 2012 (se é que você me entende!), a melhor delas atende pelo nome de O Deus Que Devasta, Mas Também Cura. Parabéns Lucas!

>>> Clique aqui e escute O Deus Que Devasta, Mas Também Cura do Lucas Santtana <<<