quinta-feira, 2 de maio de 2013

Caxirola, eu escolho você!

Não feliz em protagonizar uma patacoada maestral na “organização” do primeiro lote de ingressos da Arena ITAIPAVA Fonte Nova, a Bahia também é vanguardista no mais novo esporte bretão; o arremesso de caxirolas. Criado pelo The Voice, Brown, o esporte consiste em negligenciar anos de educação básica e esperar que uma população de autoeduque, somente pela presença de um estado moderno, luxuoso, padrão FIFA, onde as pessoas são proibidas de peidar e xingar.

O cidadão sai de casa, pisa numa poça d’água, oriunda de um buraco no asfalto, suspeita da procedência daquela água, pois o lixo na sua rua está acumulado há mais um mês, chega no ponto, espera mais de 45 minutos para pegar um ônibus para o centro da cidade, pega-o lotado, dividido em: Um crente se estourando seus tímpanos, alguém maldoso roçando em um alguém indefeso e um funkeiro sem fone de ouvido. Ele pega um engarrafamento inimaginável, pois é domingo e, teoricamente, tudo deveria estar livre. Ao descer na Arena KAISER Fonte Nova, ele, imbuído de toda aquela raiva e incluso na boa parte da população que não tem acesso à educação de verdade, recebe um chocalho fantasiado da casa do Bob Esponja; a tal caxirola.

O que é pior? A chuva de caxirolas ou as mãos lavadas do governo? Esperar educação de um povo que mostra 24 horas que não é educado, é a mesma coisa de pular de um avião com um paraquedas quebrado e esperar que ele se conserte no meio do caminho. Somos um povo que buzinamos no engarrafamento, nossos médicos saem de jaleco pela rua, nossos jovens insistem em perturbar a paz, só pelo gosto de perturbar a paz, nossas meninas se nivelam através do quadradinho de oito... não é surpresa que nossos torcedores protagonizem a patacoada em questão.

Não há nada tão ruim que não tenha um lado bom, né?! Nesse episódio, podemos tirar como lucro a proibição eminente do abacaxi barulhento. Essa moda de instrumento específico da copa é chata e desnecessária, né vuvuzela? Enquanto Brown, em posição fetal, chora as mágoas do seu “invento”, a população brasileira espera qual será o nosso próximo vexame mundial. A copa do mundo é nossa, com o brasileiro não há quem possa.

5 comentários:

maya disse...

Acompanhei teu ponto de vista Shon, e há lógica nele.
No entanto, penso ser condescendência com a atitude de cada um relegar ao 'estado' o cerne da responsabilidade do que aconteceu. Dessa mesma forma, poderíamos atribuir outras culpas, sem nunca esperar nenhuma atitude da persona.
O cara ouvindo música sem fones no ônibus, o evangélico gritando, eu que não levantei para dar lugar ao idoso, são atitudes-reflexo não só da falta de educações várias, mas também [e, principalmente, penso eu] de uma muito pessoal.
Eu sei que é errado não levantar para o idoso, e o social faz vistas grossas quando ocorre isso no ônibus. Como também, eu tenho certeza, a audiência sabia, plena e conscientemente, que era incorreto atirar objetos no campo.
Não estou aqui dizendo que o estado é exemplar em suas funções, não mesmo. Só acho que não é o caso de sermos tão condescendentes com nós mesmos, a massa.

maya disse...

**educações várias, mas também [e, principalmente, penso eu] de uma muito pessoal.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luísa disse...

Muito bom Shon ^^, impecável como sempre. E melhor que o artigo do nosso tão querido ex-presidente Lula.

Anônimo disse...

Obviamente concordo com vc, Anderson ao dizer que: " o que o estado esperava?". Mas bato na tecla que a educação é tb um fato de responsabilidade familiar.

@luancobain